Praticamente todas as pessoas irão sofrer uma lesão ao longo das suas vidas, e nem sequer é necessário praticar algum tipo de desporto para que isso possa acontecer, sendo que é perfeitamente possível que venha a sofrer lesões ao realizar atividades rotineiras no seu dia-a-dia.
No artigo de hoje iremos analisar os tipos de lesões mais comuns que ocorrem nos praticantes de musculação e como as tratar.
É muito comum as pessoas confundirem um tipo de lesão com outra, e espero que este artigo possa servir para esclarecer melhor os leitores e ajudá-los a identificar uma lesão quando esta ocorrer..
TIPOS DE LESÕES
Tendinite: A tendinite é caracterizada pela inflamação de um tendão. Isto normalmente ocorre devido à realização repetitiva e excessiva do mesmo movimento. (LER – Lesão por Esforço Repetitivo).
Também pode ocorrer devido à utilização de uma técnica defeituosa nos exercícios ou levantamento de pesos excessivos.
Tendinose: Também por vezes chamada tendinite crónica. A tendinopatia crónica é caraterizada pela ocorrência de danos nos tendões ao nível celular sem a ocorrência de inflamação.
Pensa-se que é provocada por micro-rupturas no tecido conjuntivo dentro e ao redor do tendão, que conduz a um aumento do número de células reparadores do tendão.
Isto pode conduzir a uma redução da força tênsil, aumentando assim as probabilidades de ruptura, até mesmo com pequenos esforços. A tendinose pode ocorrer como consequência de uma tendinite que se tornou crônica.
Contratura muscular: Ocorre quando um determinado músculo se contrai e não volta ao seu estado relaxado. Pode acontecer durante ou no final de uma sessão de treino muito intensa ou quando a pessoa se encontra sob níveis elevados de tensão, com muito stress e preocupações.
Distensão muscular: Acontece quando se rompe alguma ou várias fibras musculares de um determinado músculo devido ao estiramento excessivo, contração muscular demasiado rápida ou durante o levantamento de cargas demasiado pesadas.
Não são lesões exclusivas dos atletas ou praticantes de desportos, podendo acontecer durante a realização de tarefas rotineiras do dia-a-dia. No entanto, as pessoas que praticam desportos correm um maior risco de desenvolver esta lesão devido ao maior esforço muscular.
A distensão muscular pode ser muito dolorosa, sendo que também se rompem alguns dos vasos sanguíneos que irrigam as fibras musculares, o que dará origem a um hematoma e consequente inflamação local.
Um distensão muscular pode ser classificada em 3 graus. No primeiro e mais comum ocorre apenas um estiramento das fibras muscular. No segundo ocorre a ruptura de um número significativo de fibras muscular. No terceiro acontece a ruptura completa do músculo.
Ruptura muscular: Neste tipo de lesão ocorre a ruptura completa das fibras musculares de um determinado músculo. Nestes casos é normal que ocorra a perda de função desse músculo, hipersensibilidade no ponto de ruptura e contração da massa muscular proximal ao rompimento.
A dor da lesão muscular pode ser localizada ou irradiada para toda a extensão do membro. Para além de dor é comum o surgimento de inflamação, edema e alterações da cor da pele. Este tipo de lesão normalmente acontece devido a uma contração muscular demasiado rápida ou movimentação de cargas demasiado pesadas.
Ruptura de tendão: A ruptura do tendão pode ocorrer durante a realização de movimentos explosivos, de forma demasiado rápida ou com cargas demasiado elevadas.
Também pode acontecer devido ao excesso de uso ou ainda devido a complicações como tendinites ou tendinose.
É necessária a realização de cirurgia de forma a restabelecer a forma e funcionamento original dos músculos que sofreram uma ruptura de tendão.
Os tendões que sofrem rupturas com maior frequência são o tendão de aquiles e o tendão da cabeça longa do bíceps braquial, mas pode acontecer com praticamente qualquer tendão do corpo humano.
Contusão muscular: Esta é uma lesão muscular provocada por um impacto ou “acidente” que origina dor, edema e rigidez no local. É bastante comum em atletas de desportos de contato, tal como o futebol, mas também pode ocorrer nas salas de musculação com acidentes com barras e halteres.
Pubalgia: Por vezes também chamada de pubeíte, osteíte púbica ou doença pubiana, caracteriza-se pela ocorrência de dor na região do púbis. Pode ser provocada pela realização de exercícios físicos intensos, causando inflamações e consequentemente dores. Pode ser confundida com uma distensão muscular pois possui os mesmos sintomas básicos.
Entorse: Acontece quando os ligamentos e tecidos ao redor de uma articulação são torcidos” ou rasgados” de forma rápida e inesperada. Pode acontecer nas salas de musculação quando se realizem movimentos rápidos.
Síndrome de colisão do ombro: Também chamada de síndrome do impacto, ocorre quando os tendões dos músculos do manguito rotador se irritam e inflamam quando passam no espaço subacromial, a passagem sob o acrômio. Isso pode originar fraqueza, dor, e perda de mobilidade dos movimentos do ombro. O músculo supra-espinhal é geralmente o mais prejudicado.
Hérnia discal: A hérnia de disco da coluna vertebral é uma condição médica que afeta a coluna vertebral e que ocorre devido a traumas, levantamento de pesos excessivos ou com uma postura incorreta ou devido a causas desconhecidas, em que uma fissura no anel fibroso externo fibroso de um disco intervertebral permite que a parte central mole (núcleo pulposo) se desloque além dos anéis exteriores danificadas.
Esta fissura / rasgo no anel do disco pode resultar na libertação de mediadores inflamatórios químicos que podem causar diretamente a dor severa, mesmo na ausência de compressão da raiz nervosa.
As hérnias discais mais pequenas curam-se dentro de várias semanas, mas as hérnias mais severas podem não curar por si mesmas e necessitar de intervenções cirúrgicas.
Bursite: A bursite é a inflamação de um ou mais bursas (pequenos sacos) de fluido sinovial, presentes nas articulações. As bursas estão localizadas nos pontos onde os músculos e tendões deslizam através do osso.
Uma bursa saudável cria uma superfície lisa, quase sem atrito que torna o o movimento normal indolor. No entanto, quando a bursite ocorre, o movimento que ocorre sob a bursa inflamada torna-se difícil e doloroso. Para além disso, o movimento dos tendões e músculos sobre a bursa inflamada agrava a inflamação, perpetuando o problema. O músculo também se pode tornar mais rígido.
A bursite é frequentemente provocada pela realização de movimentos repetitivos, e pressão excessiva. As articulações mais afetadas são os ombros, cotovelos e joelhos.
O QUE DEVE FAZER EM CASO DE LESÃO
Sempre que sentir que algo de errado se passa, seja dor, diminuição drástica dos níveis de força, instabilidade ou uma tensão muscular intensa, pare imediatamente o exercício que estiver a realizar, o seu treino, e consulte o seu médico ou um profissional de saúde para avaliar o nível de gravidade da sua lesão, e orientá-lo para os tratamentos iniciais adequados.
Mantenha em mente que os cuidados que tiver nas 48 horas depois da ocorrência uma lesão (ruptura muscular ou ligamentar, entorse, traumatismo, etc.) irão ser determinantes para uma recuperação mais rápida e eficiente.
- Repouso: Cesse de imediato toda e qualquer tipo de atividade que provoque o aumento de dor ou outra sintomatologia.
- Gelo: Aplique gelo na zona lesada, durante 15 minutos, de 3 em 3 horas, de forma a diminuir a inflamação e o edema.
- Compressão: Deverá manter a região lesada comprimida de modo a controlar o edema e o derrame.
- Elevação: Tente manter a zona lesada acima do nível da cabeça de forma a facilitar a circulação sanguínea de retorno.
- Diagnóstico: Não fique à espera que o problema “passe” ou desapareça por si mesmo. Consulte imediatamente o seu médico de família ou outro profissional de saúde que lhe possa realizar o diagnóstico e orientá-lo no tratamento do problema.
O QUE NÃO DEVE FAZER
- Calor: Evite a exposição ou aplicação de calor na/s zona/s lesionada/s, porque aumenta a vasodilatação, aumentando o derrame e edema.
- Álcool: Evite o consumo de bebidas alcoólicas, pois o álcool possui propriedades vasodilatadoras.
- Massagem: Não massaje a zona/s lesionada/s após a ocorrência da mesma, pois irá aumentar o edema e o derrame. Também é prejudicial para os tecidos que se encontram em processo de cicatrização.
- Movimento: A movimentação das estruturas lesionadas de forma demasiado precoce poderá agravar a situação.
E acima de tudo o que não se deve mesmo fazer é entrar em negação. Se teve uma lesão não a ignore pois é extremamente importante que a trate o mais rapidamente possível, caso contrário é bem provável que o problema se agrave ou se torne mais difícil de resolver no futuro.
REGRESSO AOS TREINOS
A maioria dos praticantes de musculação e outros desportistas são indivíduos mais ou menos ansiosos que anseiam voltar aos seus treinos assim que se sentem minimamente capazes.
Mas para regressar ao nível dos seus treinos antes da ocorrência da lesão terá primeiro que recuperar a maior parte das suas qualidades físicas, como a mobilidade, força, etc.
Para isso, é vivamente recomendado que reinicie os treinos com cargas e um volume de treino bastante inferiores ao do seu nível anterior, de forma a poder recuperar de forma progressiva a sua força e mobilidade sem arriscar o reaparecimento da lesão.
Sendo assim, quando voltar aos treinos, é vivamente recomendável que esqueça o mote “No Pain No Gain” durante pelo menos algumas semanas e que se concentre em recuperar a força aos poucos, semana após semana.